http://templobudista.orgQuem for para a região serrana do Rio Grande do Sul não pode deixar de visitar o Templo Budista Khadro Ling. É imperdível por sua beleza estonteante, cores vibrantes e energia!
O templo foi idealizado por discíplos do S.Ema. Chagdud Tulku Rinpoche que visitou o Brasil nos anos 90 e escolheu as terras do município de Trës Coroas por ser um local alto e bonito, lembrando o Tibet.
Sua construção teve início em 95/96 com a mudança do Rinpoche para o Brasil. Ele pertenceu à última geração de professores que foi inteiramente treinada na rica tradição dos ensinamentos budistas. Hoje, após seu desencarne, o templo é dirigido por sua esposa e lá também moram aproximadamente 50 praticantes que também trabalham voluntariamente para auxiliar na manutenção do local.








O dia ensolarado, raro nas últimas semanas, enalteceu a beleza do lugar que tem significados em todos os seus detalhes e monumentos. As cores, extremamente vibrantes, são uma expressão externa das qualidades da natureza pura do homem.
Tivemos o prazer de participar de uma cerimônia que é aberta ao público nos domingos. Os mantras tibetanos tem uma sonoridade única, hipnótica, que faz com que automaticamente fechemos os olhos e rezemos pelos princípios universais pregados pela filosofia budista – respeito, compaixão, desapego...
As paredes do templo onde acontece a cerimönia contam a história da vida do Buda Shakyamuni, o Buda da nossa era. O teto, também colorido, é todo trabalhado com madeira e a sala é cheia de ornamentos e imagens.
Sobre as prateleiras do altar há escrituras e textos sagrados. São o Kanjûr, de 108 volumes que contem 84.000 ensinamentos do Buda histórico que foram recolhidos por seus discípulos, e o Tanjûr de 227 volumes, que são os comentários dos grandes mestres sobre esses ensinamentos. Os textos são em folha solta, meticulosamente copiados e traduzidos para o tibetano à mão e são protegidos por tecidos coloridos que embelezam mais ainda a parte interna do templo. Esses textos, que o Brasil tem o privilégio de abrigar, são o resultado de 6 séculos de trabalho e alguns deles são o último testemunho original do patrimônio tibetano quase destruído com a invasão da China em 1959.
Fora do templo há duas casas de rodas de oração, que são cilindros de metal e madeira gravados com emblemas e preces, que giram no sentido horário durante todo o dia. Dentro das rodas há milhares de mantras escritos em papel. O giro da roda representa a repetição das preces e mantras e o vento que as toca espalha as benções dessas preces para todo o universo. (Lindo!)
Nos jardins há estátuas feitas pelo próprio Rinpoche, casas de lamparina para homenagens, monumentos que representam as virtudes de Buda e uma replica de uma morada sagrada do Tibet que abrigam as cinzas do Rinpoche. Há também as bandeiras de oração - centenas de bandeiras impressas com mantras que espalham bençãos ao vento.
Foi um dia muito marcante com uma sensação plena paz.
Quem nunca ouviu falar sobre Buda ou a filosofia Budista?
Até muito pouco tempo eu não conhecia os detalhes da vida de Buda ou do surgimento da filosofia. Buda não é um nome próprio, significa “aquele que purificou todas as suas faltas e revelou por completo sua verdadeira natureza”. O potencial de se tornar um Buda é inerente à todos nós.
Comprei então um livro que conta a história do Príncipe Sidarta Gautama que alcançou a iluminação e virou o Buda histórico ao que muitos se referem.
Achei que seria legal fazer um resumo pra quem quiser saber um pouco da história e entender um pouco mais os ensinamentos budistas, abaixo:
O Príncipe Sidarta Gautama nasceu no reino de Sakya, perto da fronteira da Índia com o Nepal em 563 A.C.
Seu pai, o Rei Suddhodana, era um guerreiro feroz e valente. Sua mãe Maya Devi, morreu durante seu nascimento, logo após ter tido um sonho sagrado sobre o futuro de seu filho.
Era de costume na época que as crianças da corte tivessem uma cerimônia onde seu mapa natal seria lido em voz alta. Os dizeres determinariam a vida do príncipe a partir daquele momento. Era o maior desejo do Rei Suddhodana que seu filho se tornasse um corajoso guerreiro que fosse defender o reino e conquistar terras inimigas. O mapa foi lido como o de alguém que iria conquistar os 4 cantos do mundo. Mas não como o seu pai desejava, o futuro do príncipe Sidarta Gautama foi lido como o de alguém que iria governar a própria alma.
O desespero do Rei fez com que ele trancasse seu filho no palácio durante 18 anos com a esperança de que se o príncipe nunca visse a morte ou o sofrimento, não sairia em busca de seu destino e obedeceria o rei e seus ensinamentos.
Sidarta cresceu ouvindo vozes e sentindo proteção divina. Aos 18 anos conseguiu escapar do palácio para conhecer a cidade. Lá viu um cadáver e conheceu a morte, viu um homem doente e conheceu o sofrimento causado pela dor, viu um velho e conheceu os efeitos do tempo. Conheceu também um iogue iluminado que o ensinou a acalmar a mente com a meditação.
O príncipe Sidarta voltou para o palácio com revolta e vontade de mudar o mundo mas foi convencido a seguir seu destino e servir seu reinado.
Foi só aos 29 anos que fugiu do palácio para ser tornar um monge e buscar seu caminho de iluminação. Na época os monges eram como mendigos que deixavam suas famílias para trás e renunciavam completamente o mundo. Não podiam ter posses alem da túnica, um cajado para ajudar na caminhada, um colar para orações e uma tigela para pedir comida.
O monge Gautama sofreu com a dificuldade em ter pensamentos humildes, sentiu culpas profundas pelo abandono da família, procurou durante anos diversos mestres tradicionais, e não encontrou a paz. Meditou durante 6 anos, sozinho, sem dormir e muitas vezes sem comer. Chegou perto da morte e não encontrou a iluminação.
Quase a beira da morte o Monge Gautama percebeu que ele estava em guerra com seus desejos e que isso o fazia desprezar o mundo e seu corpo. Percebeu que sua ânsia para alcançar a santidade era também um alimento para seu ego, era a busca de uma ilusão para fugir do medo da morte. O caminho do meio era a resposta. Viver a vida com equilíbrio, sem o extremo da vida santa ou da vida de um príncipe. Somos todos Um e tudo é passageiro. Nada “é”, tudo “está”.
Foi assim que Sidarta Gautama encontrou sua iluminação e se tornou o Buda Shakyamuni, o Buda da nossa era!
Voltou para o reinado e até sua morte, aos 80 anos, doutrinou o mundo com seus pensamentos budistas.
Rapidamente cito abaixo trechos do livro que são sermões de Buda. Escolhi estes trechos para citar porque fiquei muito impressionada com a similaridade que esses ensinamentos budistas têm com inúmeros outros ensinamentos que vêm cruzando nosso caminho durante a viagem. São muitas as informações que têm chegado até nós mas é impressionante como as mensagens em geral são praticamente as mesmas, mas que se apresentam de forma diferente. A vida é toda coberta de ilusões que nós mesmos escolhemos, muitas vezes por medo ou insegurança. Mas nós somos os responsáveis por absolutamente tudo que ocorre, dentro da lei da ação e reação. É como o “Curso em Milagres” ensina: vivemos num sonho e o conteúdo deste sonho é a nossa responsabilidade. Desejamos um bom sonho à todos!
“Buda jogou o pó para cima. Ele permaneceu suspenso como uma nuvem turva por um segundo antes que a brisa o levasse embora.
- Pensem no que acabaram de ver – disse Buda. – O pó retém sua forma por um breve momento quando o jogamos no ar, assim como o corpo retém sua forma durante sua breve vida. Quando o vento o faz desaparecer, para onde vai o pó? Ele volta para a sua fonte, a terra. No futuro, esse mesmo pó permitirá o crescimento da grama e será engolido por uma gazela que comer a grama. O animal morre e volta ao pó (...) O pó está vivo numa planta mas está morto sob nossos pés, numa estrada (...) O pó contem a vida e a morte ao mesmo tempo.
(...) Vocês podem ser completos mas somente se virem a si mesmos dessa maneira. Não existe vida santa. Não há guerra entre o bem e o mal. Não há pecado nem redenção. Nada disso importa para o seu eu verdadeiro. Mas tudo tem enorme importância para o seu eu falso, aquele que acredita num eu à parte. Vocês tentaram levar o seu eu isolado, com toda a sua solidão, sua ansiedade e seu orgulho, até as portas da iluminação. Mas ele jamais atravessará essas portas, porque é uma ilusão”.
(“Buda: A história de um iluminado.” De Deepak Chopra. Editora Sextante)