8 de julho de 2008

Templo Budista

http://templobudista.org
Quem for para a região serrana do Rio Grande do Sul não pode deixar de visitar o Templo Budista Khadro Ling. É imperdível por sua beleza estonteante, cores vibrantes e energia!
O templo foi idealizado por discíplos do S.Ema. Chagdud Tulku Rinpoche que visitou o Brasil nos anos 90 e escolheu as terras do município de Trës Coroas por ser um local alto e bonito, lembrando o Tibet.
Sua construção teve início em 95/96 com a mudança do Rinpoche para o Brasil. Ele pertenceu à última geração de professores que foi inteiramente treinada na rica tradição dos ensinamentos budistas. Hoje, após seu desencarne, o templo é dirigido por sua esposa e lá também moram aproximadamente 50 praticantes que também trabalham voluntariamente para auxiliar na manutenção do local.



O dia ensolarado, raro nas últimas semanas, enalteceu a beleza do lugar que tem significados em todos os seus detalhes e monumentos. As cores, extremamente vibrantes, são uma expressão externa das qualidades da natureza pura do homem.
Tivemos o prazer de participar de uma cerimônia que é aberta ao público nos domingos. Os mantras tibetanos tem uma sonoridade única, hipnótica, que faz com que automaticamente fechemos os olhos e rezemos pelos princípios universais pregados pela filosofia budista – respeito, compaixão, desapego...
As paredes do templo onde acontece a cerimönia contam a história da vida do Buda Shakyamuni, o Buda da nossa era. O teto, também colorido, é todo trabalhado com madeira e a sala é cheia de ornamentos e imagens.

Sobre as prateleiras do altar há escrituras e textos sagrados. São o Kanjûr, de 108 volumes que contem 84.000 ensinamentos do Buda histórico que foram recolhidos por seus discípulos, e o Tanjûr de 227 volumes, que são os comentários dos grandes mestres sobre esses ensinamentos. Os textos são em folha solta, meticulosamente copiados e traduzidos para o tibetano à mão e são protegidos por tecidos coloridos que embelezam mais ainda a parte interna do templo. Esses textos, que o Brasil tem o privilégio de abrigar, são o resultado de 6 séculos de trabalho e alguns deles são o último testemunho original do patrimônio tibetano quase destruído com a invasão da China em 1959.

Fora do templo há duas casas de rodas de oração, que são cilindros de metal e madeira gravados com emblemas e preces, que giram no sentido horário durante todo o dia. Dentro das rodas há milhares de mantras escritos em papel. O giro da roda representa a repetição das preces e mantras e o vento que as toca espalha as benções dessas preces para todo o universo. (Lindo!)
Nos jardins há estátuas feitas pelo próprio Rinpoche, casas de lamparina para homenagens, monumentos que representam as virtudes de Buda e uma replica de uma morada sagrada do Tibet que abrigam as cinzas do Rinpoche. Há também as bandeiras de oração - centenas de bandeiras impressas com mantras que espalham bençãos ao vento.

Foi um dia muito marcante com uma sensação plena paz.

Quem nunca ouviu falar sobre Buda ou a filosofia Budista?
Até muito pouco tempo eu não conhecia os detalhes da vida de Buda ou do surgimento da filosofia. Buda não é um nome próprio, significa “aquele que purificou todas as suas faltas e revelou por completo sua verdadeira natureza”. O potencial de se tornar um Buda é inerente à todos nós.
Comprei então um livro que conta a história do Príncipe Sidarta Gautama que alcançou a iluminação e virou o Buda histórico ao que muitos se referem.
Achei que seria legal fazer um resumo pra quem quiser saber um pouco da história e entender um pouco mais os ensinamentos budistas, abaixo:

O Príncipe Sidarta Gautama nasceu no reino de Sakya, perto da fronteira da Índia com o Nepal em 563 A.C.
Seu pai, o Rei Suddhodana, era um guerreiro feroz e valente. Sua mãe Maya Devi, morreu durante seu nascimento, logo após ter tido um sonho sagrado sobre o futuro de seu filho.
Era de costume na época que as crianças da corte tivessem uma cerimônia onde seu mapa natal seria lido em voz alta. Os dizeres determinariam a vida do príncipe a partir daquele momento. Era o maior desejo do Rei Suddhodana que seu filho se tornasse um corajoso guerreiro que fosse defender o reino e conquistar terras inimigas. O mapa foi lido como o de alguém que iria conquistar os 4 cantos do mundo. Mas não como o seu pai desejava, o futuro do príncipe Sidarta Gautama foi lido como o de alguém que iria governar a própria alma.
O desespero do Rei fez com que ele trancasse seu filho no palácio durante 18 anos com a esperança de que se o príncipe nunca visse a morte ou o sofrimento, não sairia em busca de seu destino e obedeceria o rei e seus ensinamentos.
Sidarta cresceu ouvindo vozes e sentindo proteção divina. Aos 18 anos conseguiu escapar do palácio para conhecer a cidade. Lá viu um cadáver e conheceu a morte, viu um homem doente e conheceu o sofrimento causado pela dor, viu um velho e conheceu os efeitos do tempo. Conheceu também um iogue iluminado que o ensinou a acalmar a mente com a meditação.
O príncipe Sidarta voltou para o palácio com revolta e vontade de mudar o mundo mas foi convencido a seguir seu destino e servir seu reinado.
Foi só aos 29 anos que fugiu do palácio para ser tornar um monge e buscar seu caminho de iluminação. Na época os monges eram como mendigos que deixavam suas famílias para trás e renunciavam completamente o mundo. Não podiam ter posses alem da túnica, um cajado para ajudar na caminhada, um colar para orações e uma tigela para pedir comida.
O monge Gautama sofreu com a dificuldade em ter pensamentos humildes, sentiu culpas profundas pelo abandono da família, procurou durante anos diversos mestres tradicionais, e não encontrou a paz. Meditou durante 6 anos, sozinho, sem dormir e muitas vezes sem comer. Chegou perto da morte e não encontrou a iluminação.

Quase a beira da morte o Monge Gautama percebeu que ele estava em guerra com seus desejos e que isso o fazia desprezar o mundo e seu corpo. Percebeu que sua ânsia para alcançar a santidade era também um alimento para seu ego, era a busca de uma ilusão para fugir do medo da morte. O caminho do meio era a resposta. Viver a vida com equilíbrio, sem o extremo da vida santa ou da vida de um príncipe. Somos todos Um e tudo é passageiro. Nada “é”, tudo “está”.
Foi assim que Sidarta Gautama encontrou sua iluminação e se tornou o Buda Shakyamuni, o Buda da nossa era!
Voltou para o reinado e até sua morte, aos 80 anos, doutrinou o mundo com seus pensamentos budistas.
Rapidamente cito abaixo trechos do livro que são sermões de Buda. Escolhi estes trechos para citar porque fiquei muito impressionada com a similaridade que esses ensinamentos budistas têm com inúmeros outros ensinamentos que vêm cruzando nosso caminho durante a viagem. São muitas as informações que têm chegado até nós mas é impressionante como as mensagens em geral são praticamente as mesmas, mas que se apresentam de forma diferente. A vida é toda coberta de ilusões que nós mesmos escolhemos, muitas vezes por medo ou insegurança. Mas nós somos os responsáveis por absolutamente tudo que ocorre, dentro da lei da ação e reação. É como o “Curso em Milagres” ensina: vivemos num sonho e o conteúdo deste sonho é a nossa responsabilidade. Desejamos um bom sonho à todos!

“Buda jogou o pó para cima. Ele permaneceu suspenso como uma nuvem turva por um segundo antes que a brisa o levasse embora.
- Pensem no que acabaram de ver – disse Buda. – O pó retém sua forma por um breve momento quando o jogamos no ar, assim como o corpo retém sua forma durante sua breve vida. Quando o vento o faz desaparecer, para onde vai o pó? Ele volta para a sua fonte, a terra. No futuro, esse mesmo pó permitirá o crescimento da grama e será engolido por uma gazela que comer a grama. O animal morre e volta ao pó (...) O pó está vivo numa planta mas está morto sob nossos pés, numa estrada (...) O pó contem a vida e a morte ao mesmo tempo.
(...) Vocês podem ser completos mas somente se virem a si mesmos dessa maneira. Não existe vida santa. Não há guerra entre o bem e o mal. Não há pecado nem redenção. Nada disso importa para o seu eu verdadeiro. Mas tudo tem enorme importância para o seu eu falso, aquele que acredita num eu à parte. Vocês tentaram levar o seu eu isolado, com toda a sua solidão, sua ansiedade e seu orgulho, até as portas da iluminação. Mas ele jamais atravessará essas portas, porque é uma ilusão”.

(“Buda: A história de um iluminado.” De Deepak Chopra. Editora Sextante)


Para mais informações sobre o “Curso em Milagres” acesar:
www.milagres.org ou www.annasharp.com.br

10 comentários:

Bozzi disse...

Sempre com muitas saudades de você. E orgulho de ver minha amiga se transformando em uma pessoa cada vez melhor. Te amo! Esse domingo conheci o Theo, curtiu de montão o colinha da tia!! Muitas beijocas para você e para o João.

Anônimo disse...

Li tuuudo! A sensação que tenho é que o equilibrio é a resposta para quase tudo. Que bom que vocês estão em busca do de vocês.
Um beijo enorme,
Cacá

Anônimo disse...

Eu te amo muito. Como diz a mamãe: WE WILL BE ALWAYS SAILING BEHIND. Um beijo, Bruna.

Anônimo disse...

é isto baby.
prefiro nao comentar sobre budismo , já que nao conheço mas
seu relato é muito bonito e sensivel.
E.. se voce se sente bem entre os mantras, os ensinamentos e as paredes significativas, assim seja.
as fotos sao lindas......
continue feliz.....
falei a pouco com a Tati que recebeu os presentes do pequeno Theo.
quem sabe o conheceremos juntas?
bjs

Anônimo disse...

Oi,querida!
Tô aqui de novo!
Adorei o post do templo budista! Só de ler sobre os ensinamentos, e os mantras, me sinti mais calma... E que fotos lindas!
Adorei tb o último comment da tia Neide, lá no outro post, contando TODOSSS os detalhes do fim de semana! Lembrei das cartas (naquela época não tinha internet ainda) que minha mãe me mandava quando fiz intercâmbio. Repletas de detalhes sobre tudo e todos, me faziam sentir um pouco mais perto de casa!
Fofas essas nossas mães, viu?!
Um beijo!
"Dedéia Roque" (como diz tio Donald!)

Mari disse...

Memé,
Adorei o texto!
Melhor ainda é saber que vc está muito feliz...
Isso é bom demais!
TE AMO!!!
Saudadessss...
Bjs da prima,
Mari Coelho

Anônimo disse...

Me,

Que maximo!!!
I'm so proud of you, what an amazing experience you're living.

Beijos e Muitas Saudades

Carol Dias

Anônimo disse...

Jovens lindos...
Adorei esta passagem...Essa busca ... Amélia, hoje me peguei no que vc disse ...eu não sou..eu estou..esse equilíbrio que busco tanto...ser melhor ...me conhecer mais de verdade, não com a ilusão ,mas com a coragem...
A minha preguiça ou o medo não me deixam me encontrar.
quem sabe... vendo vocês tão corajosos, tomo a atitude nobre de ser eu mesma...
seu relato me emocionou...
A beleza desse caminho...é a trilha de outros caminhantes...
Obrigada...
beijo no coração...
titia

Anônimo disse...

Que lugar lindo...quero conhecer...Amelia...quando eu estiver mais velhinha, vc me conta suas histórias....
Beijos
titia

Graziele Zahara disse...

Me apaixonei mais uma vez pelo budismo. Sou estudante de Geografia e no semestre passado fiz um trabalho sobre esta "forma de vida". Aprendi tanta coisa que acho que minha natureza sempre soube, mas se esqueceu. Aliás foi mais ou menos isso que o Salim, budista que batalhou por um templo aqui em Belo Horizonte e que fala do Mestre Rinpoche com saudades no coração e muito brilho nos olhos, tentou me explicar quando repetiu várias vezes que nossa natureza é boa, solidária, amorosa, mas nós nos permitimos nos corropender e ainda dizemos que é o mundo quem nos corrompe.
Não tive iniciação, mas recito mantras (tem até no youtube) e acendo incensos de masala maravilhosos.
E sabe o que eu mais escutei dos meus colegas quando terminei de apresentar meu trabalho? "Nossa, não te deu vontade de virar budista?"
É muito simples, muito natural, muito respeitoso e muito... muito... muito... bom!
Seria a solução dos problemas da humanidade.

Estou adorando o Diário de Bordo. Parabéns!