26 de junho de 2008

Lagoa do Peixe (RS)

Saímos de Praia Grande (SC) e depois de algumas horas de viagem, após errar o caminho - que nos custou mais 80 km - chegamos ao nosso primeiro destino no Rio Grande do Sul, a cidade de Mostardas.


A cidade é um dos portões de entrada para visitar o Parque Nacional da Lagoa do Peixe, que abrange uma extensa planície costeira, recortada por áreas de matas e banhados e uma enorme lagoa de 40 km de extensão e 1,5 km de largura, e abriga diferentes ecossistemas. Ele foi criado em 1986 para proteger este que é um dos maiores santuários de aves migratórias do Hemisfério Sul. Cerca de 26 espécies de aves partem do Hemisfério Norte e outras 182 visitam o parque durante o ano.

Chegamos na cidade a noite e pernoitamos num hotelzinho, já no dia seguinte consegumios alugar uma casinha na beira da praia, num vilarejo conhecido como Praia Nova, a 10 km da cidade. A vida no vilarejo é totalmente pacata, só chegam dois ônibus por dia vindo de Mostardas.

No dia seguinte saímos para passear pela praia e encontramos apenas aves, muitas aves, inclusive pinguins, que chegam trazidos pelas correntes marinhas, muito fracos e sujos de óleo. A maioria deles morre pela falta de cuidados, já que o centro para tratamento deles fica a mais de 150 km daqui. Encontramos também um lobo-marinho, que também não estava muito bem.


No dia seguinte fomos até a Lagoa do Peixe e lá... (ver vídeo)



Recuperados do susto de ontem, hoje voltamos ao vilarejo para pagar pelo "resgate", pois estávamos sem dinheiro na hora. E passado o "estresse" na verdade ficamos felizes pelo acontecimento, por poder retribuir ao prestativo "anjo" que nos resgatou. Pra vocês terem uma idéia, o carro dele parecia o dos Flintstones, dava pra ver o chão de dentro do carro e a ligação era feita com o contato de fios pendurados ao lado da direção!

A tarde aproveitamos o tempo chuvoso para ir à cidade e colocar o nosso blog em dia (estamos sem conexão na praia) e fazer um programa cultural. Conhecemos um pouco do artesanato de lã, famoso na região, e visitamos a Casa de Cultura onde fomos muito bem recebidos pela Luiza, uma sorridente funcionária que nos deu muitas explicações.

Continuaremos por aqui por mais alguns dias para conhecermos melhor a região e a Laguna do Patos.

Até breve!

22 de junho de 2008

Praia Grande - SC

Praia Grande, município do lindo estado de Santa Catarina, é onde estamos agora. Santa Catarina realmente impressiona! Tanto no litoral quanto na serra, possui lugares paradisíacos e hospitaleiros que mostram a beleza desse grande Brasil, com toda a sua diversidade, já que o sul é tão distinto do norte, do sudeste e etc!

Praia Grande, que não é uma praia, tem esse nome devido a sua história. Quando os tropeiros desciam as montanhas, em certos trechos, passando perto dos rios, avistavam suas margens com areia e cascalho.
O município se localiza entre o litoral e a serra, no extremo sul do estado, próximo à Torres (RS).

É a “Cidade dos Cânions” e abriga o Parque Nacional dos Aparados da Serra, na divisa com Rio Grande do Sul. Tem 7500 habitantes e o plantio de arroz, bananas e fumo são as principais atividades econômicas.
O turismo está crescendo aos poucos com uma procura cada vez maior de visitantes durante o verão. Aqui encontramos, além dos belíssimos cânions, muitas cachoeiras, rios, e trilhas, uma aconchegante energia.

Fomos muito bem recebidos pelo pessoal da APCE (Associação Praiagrandense de Condutores para o Ecoturismo), uma associação que existe há 10 anos, criada por pessoas com uma mentalidade jovem que tem como objetivo desenvolver o ecoturismo consciente. Os condutores nos guiam para as trilhas que necessitam de acompanhamento, nos falam sobre a história, geologia e curiosidades da região. Percebemos neles uma grande preocupação com a sustentabilidade local. Em seus roteiros também estão incluídas visitas a agricultores locais que utilizam técnicas agroecológicas que garantem a preservação dos bens naturais, além de produzirem alimentos orgânicos mais saudáveis e saborosos.

(Cascata dos Borges)

Sabrina foi a guia do nosso primeiro passeio (Pedra Branca - foto inicial) e ficamos impressionados com sua inteligência, visão e sensibilidade. Sabrina nos explicou que a Associação incentiva os jovens da cidade, lhes possibilitando uma experiência profissional com o que eles têm de mais precioso que é a natureza. Eles também fazem um trabalho de educação ambiental com as crianças da região.

A trilha da Pedra Branca é cercada de morros onde se refugiavam escravos fugidos. Em seu entorno existe uma vila de remanescentes de quilombos. A vista lá de cima é energizante!
No segundo dia fomos guiados pelo Marcelo na trilha do Canion Malacara, uma trilha que acompanha o leito do rio por dentro deste cânion.
E no terceiro dia foi Gisela quem nos levou para ver as cachoeiras “Magia das Águas” (40 metros) e “Cascata dos Borges” (67 metros).

Gisela também nos levou para conhecer a propriedade da Dona Sirlene. Uma propriedade agroecológica que utiliza um sistema de irrigação com garrafas PETs, Bio-fertilizantes (feitos de leite, açúcar orgânico, farelo de milho e esterco de gado), além de outras alternativas ecológicas. Ficamos mais de uma hora por lá ouvindo e aprendendo com a Dona Sirlene, que cuida de tudo praticamente sozinha!

Estamos hospedados em um albergue, o primeiro da nossa expedição. É uma casinha muito simpática dentro do terreno de Dona Neri. Possui 3 quartos com diversas camas, banheiro, toda a estrutura de cozinha e uma ampla e confortável sala com revistas de ecoturismo e livros de poesias muito bonitos, um deles escrito pelo seu filho, Tarcísio Roldão da Rosa. Como estamos em baixa temporada, temos a casa só pra gente! Alem de estarmos sendo tratados com extremo carinho pelo Dona Neri (que até lavou as nossas roupas!), estamos curtindo uma casinha confortável que está nos protegendo do frio do sul.

Falta fazermos a trilha principal do local que é a do Rio do Boi, por dentro do cânion Itaimbezinho (junto com o “Fortaleza”, o mais famoso cânion da região) - caminhada pesada de mais de 8 quilometros com cerca de 60% do percurso sendo de pedras! Vamos ver no que vai dar...

Até lá.

Amélia e João


“Natureza: O Manifesto”
(de Tarcísio Roldão da Rosa)
(A Rodrigo Roldão da Rosa)

Até que dia o homem precisará ser
bitolado, mandado, policiado,
para assistir conscientemente à transformação do seu meio ambiente?

Haverá um dia em que todos os homens nascerão para cuidar da natureza?
Nascerão e por vontade e decisão própria preservarão a natureza?
Nascerão amando o Planeta Terra,
livres e espontâneos;
sem obrigação nenhuma?

O homem transforma paisagem
em quadro,
imortaliza uma bela cascata:
“... O que Deus criou para ser eterno”.

A natureza... pássaros voando, cantando
ao amanhecer como os sabiás;
animais livres pela vegetação rupestre,
verdejante, como os lobos;
animais livres, alimentando-se de sementes,
de folhas, como os bugios;
saciando a sede na água pura, límpida
dos córregos e arroios que transpassam a floresta;
animais livres que repousam nos galhos,
tronco das árvores;
ou em fendas nas escarpas
altíssimas livres, de vida noturna, na mata ciliar,
na encosta da Serra geral, como o puma.

Que toda essa natureza não seja no futuro,
apenas um quadro retratado por um artista!
O ser humano, privilegiado,
faz o grande e irreversível caos.
A natureza é frágil
pela brutalidade do homem de hoje!

Que desmata por ganância!
Que polui por cobiça!
Que caça pelo prazer de matar!

É tempo do homem abrir os olhos
dentro dele, está a mudança,
para preservar o que ainda resta,
desse magnífico presente, que é a natureza.

E assim as gerações futuras
possam, como nós, apreciar,
um Parque Nacional ou uma minúscula planta.

E, encorajados, digam, impessam, gritem,
lutem, defendem a favor
da vida dos animais,
das plantas, das belezas naturais
para que, por sua causa,
não se extinguam!

O ato de um homem,
em favor da natureza,
é motivo de honra
e valor de alma!
Digno de ser humano
refletindo a existência de sua própria vida.

18 de junho de 2008

Araranguá (SC)

Uma das principais características da nossa expedição é levar um estilo de vida que cause o menor impacto possível ao nosso meio ambiente.

Não tenha dúvidas, viver na estrada requer uma organização e logística tremenda! Adquirir costumes que causam impactos menores poderia portanto ser um desafio grande, principalmente pra mim que sempre fui consumista de carteirinha! Mas verdade seja dita: não custa nada... É fácil, não dá trabalho, faz todo o sentido e pode até ser divertido!

Uma vez vi na TV uma reportagem sobre os costumes que precisavam ser modificados para que respeitássemos mais o planeta. Ouvi uma coisa que fez muita diferença pra mim. Que o primeiro passo era ter consciência do impacto, pois toda ação causa um impacto. Passei então a dar a atenção devida a cada coisa que eu utilizava ou descartava.

Com esse raciocínio, que no final das contas é o de saber o tamanho do lixo que eu produzo e imaginar o que é feito com esse lixo, ficou muito mais fácil pra mim mudar meu dia-a-dia com uma atitude positiva em relação ao mundo que eu vivo.

Na expedição usamos sabão biodegradável – aquele pastoso - para lavar louças (muito mais econômico e melhor para as mãos, diga-se de passagem), temos sacola de pano para fazer as compras, usamos sempre as mesmas garrafas de água (sempre nos abastecemos com água potável), damos prioridade à produtos com embalagens recicláveis e separamos o lixo – Lixo seco (plástico, vidro, lata) e lixo orgânico, este procuramos enterrar em áreas do camping. Mas em muitos lugares que fomos também já haviam depósitos de lixo separados.

Estamos em Araranguá (SC), ontem vivi uma experiência muito engraçada com o ato de evitar pegar sacolas plásticas. O município tem um centro bem desenvolvido com muitas lojas e serviços. Decidi então parar em um hipermercado para fazer “as compras do mês”. O nosso costume na expedição é de fazer pequenas compras diárias com alimentos frescos, mas não resisti quando vi aquele imenso complexo que teria todas as gostosuras de cidade grande.

Eu esqueci a sacola de pano dentro do carro e fiquei com preguiça de voltar pra buscar, então prometi a mim mesma que, por causa da preguiça, eu então não me daria ao luxo de pegar uma sacola plástica sequer. Teria que me virar!

De itens que precisam de balança comprei 5 tomates, 2 mamões, 1 cacho de banana, 2 maçãs, 1 limão, 5 batatas, 2 cenouras, 1 berinjela e 1 abobrinha. Pra pesar itens como esses eu e o João nunca pegamos sacos de plástico. Não faz sentido pegar 1 saco pra cada tipo de coisa e depois no caixa botar tudo dentro de uma sacola de novo... Então fui até a balança. O senhor que me atendeu quis me ajudar a colocar tudo dentro de sacos. Eu agradeci e disse que pra reduzir o impacto ao meio ambiente, não usaria os sacos. Ele gentilmente me explicou que não teria problema, que as sacolas estavam lá pra isso. Eu agradeci novamente e com um sorriso coloquei os 5 tomates em cima da balança. “Vamos ter que pesar um por um daí, se não vai dar problema no caixa moça”! Resultado: uma etiqueta em cada tomate, maçã, mamão, etc. Outro exagero. Agradeci muito e me desculpei por ter dado tanto trabalho, mas expliquei mais uma vez que era importante pro planeta. Não olhei pra trás pra ver o que as pessoas da fila da balança acharam. Queria que elas percebessem uma “normalidade” da minha parte.

Mas o mais engraçado foi na fila do caixa. As moças sempre ajudam a colocar tudo nas sacolas. Eu já de antemão disse que não precisaria, eu colocaria tudo no carrinho e levaria direto para o carro. “Já tenho muitas sacolas plásticas em casa!” (se eu dissesse “na barraca”, ela não entenderia!) Mas logo depois chegou outra moça pra ajudar. Aí expliquei o mesmo pra ela e ela então foi pro outro caixa. Segundos depois veio outra moça, todas muito simpáticas e prestativas. Expliquei que não queria sacolas e ela então me ajudou a colocar cada coisinha com sua respectiva etiqueta no carrinho, alem de todos os outros itens que eu tinha comprado – pão, papel higiênico, chocolate, queijo, etc. Tava dando um certo trabalho então mais dois rapazes vieram ajudar. Todos me achando a pessoa mais inusitada do planeta. (Mas tudo com a minha cara de “normalidade”!) De repente chega o gerente pra entender o que estava acontecendo e porque não estavam me ajudando a colocar todas aquelas coisas em sacolas. Mais uma vez, com o sorriso sedutor, expliquei sobre o planeta que vivemos...

Pois bem, fui sozinha para o estacionamento, feliz da vida e satisfeita, parecendo que eu tinha roubado tudo, já que não tinha nada dentro de sacolas. Colocar cada coisinha dentro do carro de forma que não amassasse ou quebrasse ou sujasse foi o desafio do dia... Mas aí foi culpa da preguiça, porque a sacola de pano estava lá!

Então, comecem pelo menos tomando a sobre consciência do impacto de cada ato e costumes. Da pet do refrigerante que bebemos, das embalagens dos produtos que comemos, dos resíduos das limpezas. Além disso, uma alimentação natural (frutas, legumes...) é bem mais saudável não é mesmo!? E se informem na internet sobre a coleta de lixo coletivo na sua cidade, sobre os papa-pilhas, etc. É como tomar conta da nossa casa!

Saúde para o nosso planeta!

Paz para todos!

18 de Junho

14 de junho de 2008

Uma vila, um lugar (Ilhas de Araranguá)

Vocês já ouviram falar num lugar onde o vento faz a curva, lá mesmo onde judas perdeu suas botas? Pois bem, foi essa a impressão que tive ao conhecer hoje este lugar chamado "ilhas" em Araranguá. A vila fica na foz do Rio Araranguá, depois de nos afastar da cidade, pegar uma balsa e percorrer mais alguns quilômetros de estrada de chão, lá chegamos. Fiquei impressionado com a tranquilidade do lugar. Conversando com um de seus moradores soube que o lugar foi o escolhido por muitos aposentados, ex-trabalhadores de minas de carvão em Criciúma, que resolveram por lá ter dias de descanço e pescar no rio.
Lá as casas não tem muros, as crianças brincam com os pés no chão e qualquer notícia rapidamente, mesmo sem internet, se espalha por toda a vila. E em apenas alguns minutos sentado numa birosca você vira um "amigo". São lugares como este que sempre me inspiram a fotografar. Lugares simples com pessoas e coisas simples.

Poesia nas águas da expedição

11 de junho de 2008

A graça da Garça


Um dos momentos em que consegui clicar na hora exata, fiquei mais de uma hora pra fazer esta foto. A garça estava na encosta de pedras tentando pescar, e fui eu quem a pesquei! para ver mais fotos clique em FOTOS DA EXPEDIÇÃO.
João Vianna

10 de junho de 2008

Nem tudo são flores... Mas há muitas flores...

No blog a gente acaba sempre escrevendo muito mais sobre as coisas boas. Eu pessoalmente sempre fui de falar muito pouco sobre as coisas ruins. Achei lindo o que o João escreveu sobre o roubo do equipamento. Ficamos tristes. Mas ficamos firmes na noção do quão privilegiados somos.
A minha viagem pro Rio foi um tanto quanto precoce. Foi difícil sair de tantas vivências e experiências tão novas, pra voltar pra cidade da qual eu tinha acabado de me despedir.
Mas a dificuldade durou no máximo 1 semana. Logo depois eu já estava feliz e adaptada de novo, junto com as pessoas que eu amo e reconhecendo a importância de cada uma delas na minha vida.
O mais difícil foi retornar pra estrada. Fiquei alguns dias em silêncio. Com muita saudade dos meus pais, da minha irmã que quase não vi, sem contar na Tati que experimentou acho que os momentos mais aflitivos da vida dela. Eu estive com ela. Mas na margem. Estive no antes. Mas não estive no depois... e isso fez muita diferença pra mim... E um roubo é como um estupro da alma, da ingenuidade, da esperança. É um esfregar na cara de que não temos controle sobre nada.
Eu conto tudo isso pra mostrar que nem tudo são flores.
Passo por várias dificuldades emocionais por estar tentando quebrar tantos padrões e por estar tão longe de tudo que sempre rodeou a minha vida.
E são muitas as coisas que vejo que deveria fazer mas ainda não consigo...

A saudade da família continua muito forte mas desde que cheguei aqui, na Guarda do Embaú, mesmo com a situação do equipamento, a minha paz interna começou a voltar.
E é por isso que falo das flores... porque são muitas.. e estão em todos os jardins.
Por isso quero contar um pouquinho de quão privilegiado têm sido os nossos dias aqui.

A primeira coisa que fizemos quando acordamos no nosso primeiro dia foi colher laranja nas árvores do camping. Sim, o camping é recheado de laranjeiras e tangerineiras (pra continuar a minha coleção de árvores). Pode sorte maior? Todo dia de manhã um suco de laranja fresquinho!
Fomos depois fotografar o rio que margeia a praia e deságua no mar. Estava recheado de gaivotas, garças, fragatas, atobás. Lindos! Fotografamos muito! Foi realmente muito bonito.
Em seguida atravessamos o rio pra ir pra praia onde os pescadores estavam investindo nas tainhas. Tinham acabado de lançar uma rede de arrasto (de uns 400 metros) e estavam puxando de volta pra areia. Mais ou menos 30 homens. Gritavam. Gargalhavam. Discutiam. Muita agitação, espectativa e emoção. Foi maravilhoso! Eletrizante!
A gente acabou dando toda nossa água pra eles e quando estávamos indo embora, em retribuição, nos deram uma tainha. Era enorme e que carne deliciosa!
Voltamos ao camping e o bom pescador que tenho em casa preparou o melhor peixe do mundo:-). Sem contar com o espinafre e a salada fresca que colhemos da horta. Sim, até horta tem no camping!

No dia seguinte do roubo, já com a região espalhada de cartazes com uma recompensa pra quem “achasse” o equipamento, praticamente todos os pescadores vieram perguntar pra gente o que tinha acontecido. Me senti acolhida porque todos estavam verdadeiramente decepcionados com coisas ruins acontecendo tão perto, num lugar tão lindo. Foi bom ter gente desconhecida nos desejando coisas boas.


Hoje o dia foi de flores de novo.
Quem conhece a Guarda deve se lembrar do recanto de grama beirando o oceano que divide a praia da Guarda da Prainha. Gente, não consigo descrever em palavras o visual. Citando filmes da infância, é tipo uma mistura de “The Hills are Alive” (cena na montanha no início do filme “A Noviça Rebelde”) com a cena de abertura de “Grease” quando o John Travolta e a Olívia Newton John estão na praia fazendo juras de amor! É um pequeno monte, todo de gramado, lindo, com o mar batendo nas pedras ao redor. Impressionante! Sem contar nas piscinas naturais que formam em volta. Lindo, lindo!

Quanto coisa boa.
Que bom.
Obrigada.
E beijos...

8 de junho de 2008

Pedras no Caminho

Desde que saímos do Rio nossa viagem vem correndo com muitas flores no caminho, além de rios, cantos, risos e, claro, alguns solavancos que se suavizam em meio a tanta beleza. Hoje, aqui na Guarda do Embaú, uma pedra apareceu no nosso caminho.

Saímos bem cedinho pra fotografar o nascer do sol. Encurtando toda a história, tive parte do meu equipamento fotográfico furtado. Na hora fiquei desnorteado e saímos correndo pra ver se encontrávamos alguma coisa. Foi em vão. Obviamente fiquei bem chateado.

Embora isso tenha acontecido nesta manhã, já estou conformado. E parte deste conformismo me veio através da reflexão, esta que quero compartilhar com vocês.

Na vida sempre encontraremos pedras, pelo menos até quando continuarmos nós mesmos colocando essas pedras. Acredito piamente no “aqui se faz, aqui se paga” e este “se faz” acontece devido a nossa ignorância espiritual. Colocamos pedras no caminho quando temos raiva, quando temos maus pensamentos, quando agimos mal... e por causa desta ignorância muitas vezes nem nos damos conta disso. E Por isso também não aceitamos quando as pedras aparecem em nosso caminho, julgamos que não a merecemos.

Mas à medida que prestamos mais atenção e cuidamos de nossos pensamentos, palavras e ações, percebemos que as pedras tendem a se tornar menores e ocasionais até que estejamos vagando num suave tapete. Acredito ser essa a nossa busca espiritual.

O que tiro portanto deste tropeço como lição é primeiro: Ufa! Menos uma pedra. E segundo: estarei mais atento para não colocá-las em meu caminho.

E como nada acontece por acaso, recebi nesta mesma manhã este texto que vem a clarear ainda mais esta reflexão.

João Vianna


Os Imprevistos

Os imprevistos constituem uma excelente oportunidade para treinarmos nossa flexibilidade e capacidade de cultivar a tolerância e a paciência. Muitas vezes, quando algo não sai como planejamos, despendemos uma grande quantidade de energia reclamando ou sentindo muita raiva, ao invés de simplesmente focarmo-nos numa maneira de lidar com aquela nova circunstância.

Olhar para a situação e dizer: é isso o que se apresenta agora e minha única atitude neste momento deve ser refletir sobre as alternativas que tenho para resolver a questão, é o melhor meio de evitar que o desequilíbrio assuma o controle.

Este é um meio eficaz de nos mantermos conectados com o agora e não nos deixarmos levar pela mente, que sempre insistirá em projetar os problemas que poderão advir daquele imprevisto.

Aliás, a raiva geralmente se apresenta porque passamos a sofrer antecipadamente por conseqüências que podem ou não acontecer, sendo apenas hipóteses possíveis.

Ao exercitarmos esta mudança em nossa atitude, surpreendentemente, as soluções costumam se apresentar quase de imediato. Isto porque deixamos vir à tona, naquele momento, uma nova energia, a da serenidade e da confiança na solução dos problemas, em vez de simplesmente alimentarmos a crença de que eles se tornarão insolúveis.

Aceitar as mudanças e os imprevistos com serenidade nos torna integrados de imediato à permanente mutação que rege todos os fenômenos da existência.
Esta integração é o caminho mais seguro para a felicidade e a paz.

Elisabeth Cavalcante

Uma foto é uma foto é uma foto é uma foto


6 de junho de 2008

Despedida nas alturas!


E assim nos despedimos de Urubici.

Foi uma semana deliciosa no clima da serra. Infelizmente não tomamos banho de cachoeira pois realmente estava MUITO frio, a temperatura máxima não superou os 14 graus durante a nossa estada. Mas fizemos passeios bem interessantes como a subida ao Morro do Serrano, a Cachoeira do Avencal e aquele que consideramos o melhor programa, que foi contemplar o Morro da Igreja, com mais de 1840 metros de altitude. O cenário dos gigantes paredões de pedras são incríveis e nos fazem refletir sobre nossa vulnerabilidade frente às forças da natureza. Imaginar que aquelas gigantescas montanhas são o resultado de simples movimentos de placas tectônicas e que podem acontecer de novo a qualquer momento, como aquela que ocasionou a enorme Tsunami lá pra bandas da Indonésia. São os recadinhos que a natureza nos dá pra que cuidemos melhor desta linda nave em que vivemos, o planeta Terra.

(Morro da Igraja e Pedra Furada)

A partir de amanhã teremos novidades pelo litoral de Santa Catarina. Até lá!




4 de junho de 2008

Um Pé de Quê?

Quando ainda estávamos em Bombinhas eu vi pela primeira vez um Mamoeiro. Isso pode parecer estranho para alguns, mas a verdade é que como mamão todos os dias no café da manhã mas nunca tinha visto a árvore ou como a fruta cresce na árvore.
Quando a vi, fiquei toda feliz e comentei com o João que o que eu queria mesmo era ver uma Macieira. A vida inteira desenhando pequenas árvores verdes com maças vermelhas penduradas mas eu nunca tinha visto uma... nem sequer imaginava como era uma... De novo, pra alguns isso deve tá parecendo meio "absurdo", mas é fato - mais um símbolo do urbanismo talvez.
Chegamos em Urubici e de longe avistamos uma árvore linda cheia
de frutos vermelhos pendurados. Pensei: "Meu Deus, não acredito! É muita sorte mesmo!"
Chegamos bem pertinho. Não eram maçãs, eram caquis! Mesmo assim fiquei feliz! Caquizeiro então, nem sequer imaginava como seria uma árvore dessas.

(Nosso carro e a barraca em baixo de um Caquizeiro)

No dia seguinte acordamos e fomos conhecer a cachoeira do Avencal. 125 metros de queda livre. Muito linda! Decidimos fazer a trilha que nos levava até a base da cachoeira. O menino Romário, filho do administrador do terreno, nos guiou. Quando estávamos começando a trilha ele perguntou "Vocês querem fazer o caminho mais curto ou querem passar pelo pomar para colher uma maçã?"
Não preciso dizer mais nada né!:-)
(Eu e o Romário no pomar)

E nada como colher a fruta direto do pé e comer ali mesmo fresquinha e ainda sem agrotóxicos. O sabor e a satisfação são outros!

(João e eu na Cachoeira do Avencal - Urubici)

3 de junho de 2008

Obrigado, obrigado, obrigado.

Eu e Amélia nos consideramos privilegiados, não só por estarmos realizando este projeto, mas principalmente pela nossa condição para realizá-lo. Nossa saúde, condições materiais, apoio familiar, dos amigos e de outros anjos que nos acompanham.

Nossa viagem continua em Urubici, e hoje tivemos um momento bem especial no Morro do Campestre, este aí da foto. O tempo estava encoberto mas resolvemos fazer este passeio. Caminhamos até o alto deste morro e de lá vislumbramos uma bela paisagem. Cercado de araucárias, podíamos também avistar um rio e algumas plantações de hortaliças.

Depois de alguns minutos no alto do morro eu e Amélia resolvemos meditar. E quando eu lá estava sentado e contemplando tive um tranquilo sentimento de paz e plenitude. E então resolvi agradecer, só agradecer.
Gostaríamos portanto de compartilhar este nosso sentimento de gratidão por cada segundo dessa nossa experiência, pela nossa boa saúde, por colocar em nosso caminho pessoas tão gentis e amigas.

Obrigado, obrigado, obrigado.

1 de junho de 2008

Friiiiiiiio!!!


5 graus negativos!!!

Depois de uma linda viagem saindo de Floripa chegamos até Urubici na serra de Santa Catarina. As previsões indicavam até possibilidade de neve mas como a umidade estava baixa, não aconteceu. Mas a geada foi fortíssima! Acordamos com uma temperatura de menos 5 graus e até às 11:00 da manhã ainda podíamos ver gelo nos lugares sombreados. Estamos acampados em uma linda fazenda e Dona Ana, nossa anfitriã, nos cedeu um aquecedor elétrico - caso contrario, estaríamos congelados neste momento! (Assista ao videozinho!)


"Localizada na região serrana do Estado de Santa Catarina, Urubici é a terra das hortaliças, mas é também a terra do turismo, da natureza exuberante, do meio ambiente preservado, das matas de araucárias, cachoeiras e cascatas, dos esportes de aventura, da pesca de trutas, do pinhão, do ponto mais alto do sul do Brasil (o Morro da Igreja), e outros mais. Aliado a tudo isto, tem o povo mais hospitaleiro, cordial e orgulhoso de sua cidade e suas tradições."

Mentalização


Estou de volta depois de muitos dias bons com meus amigos e familiares.
Dias de espera também, já que meu afilhado decidiu só nascer na noite anterior à minha partida... quase que não acompanho esse nascimento mesmo depois de 14 dias no Rio! Mas eu estava lá! Não poderia deixar de estar!

Gostaria de aproveitar essa oportunidade pra passar uma espécie de meditação muito especial que aprendi no Encontro do Bem (Bombinhas), durante a palestra da Lama Yeshe. É na verdade uma mentalização. Me ajudou muito nos últimos momentos no Rio, durante o nascimento, com o stress que senti na minha partida, etc.
Feche os olhos em uma posição confortável, de preferência com a coluna ereta.
Respire profundamente e se concentre na respiração.

Vamos fazer a mentalização com três pessoas.
A primeira pessoa deverá ser alguém que você conheça pouco. Alguém que você tenha uma relação de indiferença, que ocupe muito pouco tempo em seus pensamentos. Pode ser o porteiro do seu prédio, a moça que trabalha na casa da vizinha, o "caixa" da padaria.
A segunda pessoa deverá ser alguém que você não goste, que tenha provocado mágoas ou sentimentos de injustiça. Alguém que você possa as vezes não desejar bem, que te traga sentimentos negativos.
A terceira e última pessoa é alguém muito próximo, que você ame muito.

A mentalização é feita da seguinte forma: Visualize a pessoa sentada na sua frente, olhando nos seus olhos.
Ao respirar, sinta a inspiração pela sua narina direita e a expiração pela sua narina esquerda.
Ao inspirar visualize uma fumaça escura saindo da pessoa que está na sua frente e entrando no seu corpo direto para o seu coração. No seu coração essa fumaça é então transformada em uma luz dourada, ou um pó dourado.
Expire está luz (pela narina esquerda) de volta para a pessoa que está na sua frente.

Faça a respiração por 3 a 5 minutos com cada uma das pessoas.

Não preciso nem dizer o sentimento positivo que dá... principalmente quando fazemos com a pessoa da qual nao gostamos ou não temos uma boa relação...

A mentalização leva ao altruismo. E aí está um dos grandes segredos da vida segundo a Lama Yeshe.
Tem nos ajudado muito quando desejamos passar energias positivas à distância (... que agora é o caso quase sempre né?!)